Coletivo Apresenta com Viviane Marques

Saúde mental no trabalho é responsabilidade de quem?

com Viviane Marques, especialista em diversidade & inclusão e saúde & bem-estar na Falconi


Equilíbrio entre vida pessoal e profissional, saúde mental no trabalho, burnout, quiet quitting… Se você tem mais de 25 anos e viveu neste planeta nos últimos cinco, provavelmente foi impactado, de uma forma ou de outra, por um ou todos esses temas. Seja através de reportagens, histórias de colegas ou mesmo sentindo na pele seus efeitos. O assunto “saúde mental no ambiente de trabalho” já vinha sendo bastante discutido, com a chegada da pandemia de COVID-19, em 2020, o tema ganhou ainda mais destaque.

Levar, de uma hora para outra, o trabalho para dentro de casa escancarou a falta de equilíbrio do nosso dia a dia e o quanto a tecnologia nos guia para a tentação de estarmos sempre disponíveis e alertas, sem nunca apertar o botão off. Então, casos de burnout e de depressão começaram a aparecer aos montes, assim como milhares de pessoas passaram a repensar suas vidas, carreiras e estilos de vida. Sim, mal do tempo em que vivemos, porém, também um alerta para pessoas e empresas de que está na hora de começar a fazer diferente.

Responsável pelas áreas de diversidade & inclusão e saúde & bem-estar da Falconi, nossa entrevistada da vez, Viviane Marques, ressalta a importância de olhar para o tema: “Nós temos que assumir que o trabalho é fonte de estresse em muitos casos. O burnout foi considerado uma doença ocupacional. Não existe diferenciação entre vida pessoal e vida no trabalho. O que acontece na minha família impacta o trabalho e o que sofro no trabalho afeta as demandas da vida pessoal”.  

Para ela, que na Falconi atua com o objetivo de ajudar a companhia a ter um ambiente diverso, em que as pessoas possam ser felizes exercendo suas atividades, a responsabilidade de cuidar da saúde mental é tanto do indivíduo, quanto da organização em que ele ou ela está inserido(a). “O compromisso deve ser olhar para o colaborador além da pessoa que está ali durante o horário de trabalho, como um ser integral. Para produzir, ela precisa estar bem, consigo e com a família. Acabou aquela ideia de trabalhar por hora, as pessoas não são computadores programados. É preciso dar autonomia de horários, para que possam descansar e ter tempo para viver outros papéis dentro da sua existência humana”, diz a especialista.

Segundo Viviane, ainda existe muita confusão entre agilidade, tempo de resposta e presenteísmo. “Agilidade é estar engajado, ter conhecimento e apresentar resultado, o que não significa fazer rápido e estar presente o tempo todo”, explica. A chave para estabelecer um ambiente de trabalho saudável está em trabalhar o autoconhecimento e saber colocar limites, dar autonomia para o time definir seus horários e ter momentos de ausência. “Existe uma crença cultural de que muito trabalho significa sucesso, e nós ignoramos os primeiros sinais. O fato é que ninguém acorda com burnout, o corpo dá muitos sinais antes disso”, afirma Viviane.  

A dica para quem está passando por isso é, se possível, levantar a mão na empresa e não ignorar os sintomas. “Burnout e depressão são doenças presentes, mas ainda são um tabu. Tentar romper esses tabus, se tratar, se cuidar e, dentro do que for possível, pedir ajuda para a liderança e para os colegas”, aconselha Viviane. Já para as empresas, ela ressalta que é preciso, sim, olhar para o tema, não adianta ignorar. “Não porque é legal, apenas, mas também para a visão de negócio, porque gera turnover, não só porque é moda, mas por ser importante. A empresa tem parte no adoecimento das pessoas e deve ser parte do seu tratamento”, afirma.  

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