Ponto de Partida #3

Além de ser ferramenta de transformação e disrupção, a tecnologia é, também, um convite para soltar a imaginação e fugir do óbvio. Através de suas infinitas possibilidades, futuros altamente improváveis, como os que incluem elevadores espaciais, mineração de asteroides, consciência artificial e até mesmo transplante de dados para o cérebro, parecem menos impossíveis. Soa como ficção científica, mas a realidade é que tudo isso já vem sendo estudado e, talvez, em um futuro distante, possa mesmo vir a acontecer. Afinal, quem imaginaria alguns anos atrás que existiriam fazendas verticais, carros que se autodirigem, robôs de delivery e softwares de automação?

O fato é que coisas como Inteligência Artificial e realidade virtual e aumentada já fazem parte do nosso dia a dia. Isso sem falar nas ferramentas e plataformas digitais da Web 2.0 que nos empoderam para criar e publicar sem precisar da permissão de ninguém - nos transformando em nossos próprios canais de comunicação, potencializando a expressão artística e expandindo o acesso a diferentes realidades. Vale lembrar, porém, que nem tudo é perfeito. Ao mesmo tempo que ganhamos mais autonomia e informação, também consumimos conteúdos induzidos por algoritmos e temos os nossos dados controlados por grandes corporações de tecnologia. São os dois lados da mesma moeda, como diz a expressão.

É exatamente a partir desses “poréns” trazidos pela Web 2.0 que surgiu a necessidade de criar uma internet cada vez mais democrática e descentralizada. A tão falada Web 3.0, com seu universo de criptomoedas, NFTs e Blockchains, nada mais é que a busca por essa mudança. Tecnologias de fato disruptivas, que devolvem o poder para as pessoas comuns, desbloqueiam o potencial humano e criam um mundo de oportunidades (mais) iguais. O impacto social dessas novas tecnologias é inegável, uma vez que o acesso não requer mais do que um smartphone e conexão à internet. Ainda assim, é necessário ter em mente a realidade de países como o Brasil que, apesar de estar entre as cinco nações com mais pessoas conectadas do mundo, ainda possui 33 milhões de seus habitantes sem acesso diário à internet, como mostra estudo recente do Instituto Locomotiva. Com isso em mente, nesta edição desbravamos um pouco mais de tudo o que vem rolando nessa nova era da internet. 

Na seção Quem Entende, Michela Galvão fala sobre o poder da Web 3.0 em promover diversidade, equidade e inclusão. No Papo de Balcão, investigamos o futuro da alimentação com a Fazenda Futuro; no Proposta Criativa, falamos sobre arte, tecnologia e disrupção com Sanni Est e Marília Pasculli. No 10/10, Olivia Merquior, fundadora do Brazil Immersive Fashion Week, fala sobre moda e tecnologia e, no Cidade Viva, Luiza Futuro explora o lugar dos artistas na produção da subjetividade da Inteligência Artificial através da investigação do trabalho de Victoria Cribb e André Koens. No editorial XX, trazemos uma parceria com o artista Matheus Heinz, na qual diferentes futuros imaginários ganharam vida através de imagens. Já o editorial XX foi desenvolvido através de um gerador de imagens que usa Inteligência Artificial para transformar texto em artes abstratas. 

Em resumo, além da tecnologia em si, através dessas pautas buscamos também explorar a relação humano-máquina, trazendo atenção para a necessidade de utilizar essas ferramentas em prol de potencializar as camadas marginais da população. Assim, esperamos contribuir para a criação de um novo capítulo na história, baseado na confiança, na honestidade, na descentralização de poder e na democratização idealizadas pelo universo da Web 3.0. 

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Editorial: Mundos Paralelos